terça-feira, 10 de novembro de 2009

Confissão da Lua

Na treva arcaica do médio tempo
Nocturno…

Em que a divindade se manifesta
No homem, na sua triste condição…

Subsiste um exíguo deus pagão
Que talha com sortilégios de luz
No olhar do ser singelo, tirania
A ambição…

A soberba soberania…

Sob o clarão nocturno e esférico
D’um astro fadado ao perpetuo ciclo
Carregado do desejo oculto, amante
Fixam-se, mutuamente, bocas sedentas
Do tacto ardente, do afecto quente
Na paixão… que mente…

Na completa loucura…

Incendeia-se o querer, mais que tudo
O grito torna-se mudo, olhar, ver, tudo!


Nada…


Carvão escravo da mão insana
Pinta, pinta… pinta, PINTA!!!

Risca-me essa parede banhada da claridade
Que se apague o alvo tom da mocidade
Pois apenas sonhei ter sonhado com ela
Nos meus braços… toda… ela…
E afinal, nem a tive, nem a perdi
Foi apenas um vulto, nem sei, se senti…

Era a Lua, na minha parede… era! ERA!
Que eu queria escrever, com meus dedos
Toda ela! Essa lua branca, como a pele
DELA!



Mas…
Só queria…
Confessar, baixinho… meus tristes medos…

Acabei então… aqui, caído neste chão…

Com os moveis, a serem como penedos…

Esperando que a Lua morra,
Para que possa dormir, aqui
Neste quarto sem cortinas…
Onde espero, sentado, por ti…