segunda-feira, 20 de abril de 2009

O punhal

O teu olhar mata toda a luz
Nos semblantes mais perfeitos
Nas flores mais cálidas, serenas
Consumindo-lhe todos os defeitos

O teu olhar consegue queimar
Exame que tormenta e se retorce
Penetra profunda, fatalmente
E quem sou eu, para te escapar

No fogo, árduo suplicio do prazer
Cravas-me de mágoa e passado
E quase que arruíno meus olhos

Só porque insisto em tentar ver

Só porque persisto em te resolver

Apenas, porque quero, perceber

Tomado pela cegueira, hesitação
Procuro nas mãos, uma resposta…
Papel, que os teus olhos retalham

Os teus olhos seduzem, ceifam
Pendendo à beira do teu sussurro
Fico assim, apenas com uma questão
Com meus lábios serrados, mudo

Porque insisto eu… nesta busca…
Gritando teu nome, até ficar surdo

Apenas…

Por ti…


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A centezima mensagem que deposito neste blog, é dedicada a todos quantos acompanham e gostam de acompanhar os devaneios que aqui registo.

Beijos, abraços e um muito profundo "Obrigado a todos"

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Inspira-me

Corta, arranca, morde-me esta mente!
Leva-me ao vazio, derradeiro fio da lâmina
Que retalha e descarna o osso alvo, duro
Rígido fundamento…
Desenraíza-me então de todo o entendimento
Que habitar corpo vão, é dor de permanecer
Em Locus Horrendus da memoria profunda
Em tal abismo…
Profundamente cravado sobre lajes de cinismo
Sou depravada criação de um qualquer tom
Das cores, que ardem entre o rubro e o carmim
Apenas sangue…

Abraça-me então…

Segura-me com força a carne oh alento desertor
Sopra então teu vento, dos teus lábios finos, céu
E diz-me, o que sou eu para ti, aqui na terra…
Para além de um tolo sonhador..?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Tenebrae (Ofício de Trevas)

Da paixão dita e desdita, contada, transmissível
Que gera uma tal infecção de fé, que só tu tens
Leva-me sempre aos joelhos, enfrentando as luzes
Com mãos atadas entre os dedos, ao Tenebrário...
Onde estão as minhas 15 velas? EU tas devo hoje!
Em poemas que hão de vir, hão de ser, em mim...

À direita do degrau que não me atrevo a subir
Encontro com os olhos centena e meia de versos
Que li na fúria de te encontrar uma lei, um verbo!
Mas não existe uma constante, um sinal apenas
Entre as tuas luzes em tremor de fogo lento
Apenas resta à vista o vértice da palavra!

No teu ofício de Trevas, és a prova imaculada
Que do próprio seio de Maria, nasce a verdade!
Se de verdade se trata a fé, em baptismo, em morte
Acredito que no fogo que trazes em ti, ardente!
Queimando, moendo, olhares profundos em ti, assim
Sem alívio para quem tenta entrar nos teus Prazeres

Volta então à cinza, o homem consumido de desejo…
Pois nos cânticos eclesiásticos, não existem, assim
Forças que movam a alma, como tu, em teus dedos
E só tu assim consegues, faze-lo com tais palavras…



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Dedicado a Maria Treva Flor, que podem visitar ali ao lado.
Espero que ela goste, como eu gosto do que ela escreve.


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O ofício de trevas (Tenebrae) é uma cerimónia medieval da Paixão, que consiste em ir apagando as 15 velas do tenebrário (candelabro triangular ao lado direito do altar), representando os 150 salmos da Bíblia, até só uma, que representa Cristo, ficar acesa.
Ao final de cada versículo cantado, as velas do tenebrário foram apagadas, uma a uma, de modo que, ao final, a Igreja permanecesse em total escuridão. Apenas a vela do vértice do triângulo não se apaga, simbolizando Cristo, a luz que ilumina todo o homem, e sua ressurreição.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sombras na vida

Não são apenas os meus dedos
Que encontram os teus, só teus
Não sou apenas eu que procuro
Pois a busca é a nossa partilha
No olhar que lançamos aos céus
Caímos ambos, nós, os dois
Naquela negra armadilha…

Debaixo do sol, somos sombras
De nós mesmos, para nós próprios
E apenas o toque é sentido válido
Quando a escuridão é noite eterna
Nos ouvidos surdos
Nos olhos cegos
Na boca seca
Sem cheiro

Não mais posso ver os passos de luz
Que me deixaram no amor, na génese
Pois com corridas tolas, rápidas, ofegantes
Perdi chaves e fechaduras das algibeiras
Perdi respostas e perguntas da boca
Perdi as mãos com que te tocava…
Perdi-as dos braços, que te abraçavam…

Perdi minhas mãos, as minhas mãos!!!
Que deixei nas sombras dos meus pés
Por olhar o Sol, por querer a Luz
Luz que não me pertencia ver
E a acção leva à reacção

Crime, olhar o divino

Castigo, cegueira

Vida, quebrada

Morte, lenta

Simples…
Desespero…

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Por agora... ocupado... muito mesmo...

Espero ter novidades em breve.