terça-feira, 14 de abril de 2009

Tenebrae (Ofício de Trevas)

Da paixão dita e desdita, contada, transmissível
Que gera uma tal infecção de fé, que só tu tens
Leva-me sempre aos joelhos, enfrentando as luzes
Com mãos atadas entre os dedos, ao Tenebrário...
Onde estão as minhas 15 velas? EU tas devo hoje!
Em poemas que hão de vir, hão de ser, em mim...

À direita do degrau que não me atrevo a subir
Encontro com os olhos centena e meia de versos
Que li na fúria de te encontrar uma lei, um verbo!
Mas não existe uma constante, um sinal apenas
Entre as tuas luzes em tremor de fogo lento
Apenas resta à vista o vértice da palavra!

No teu ofício de Trevas, és a prova imaculada
Que do próprio seio de Maria, nasce a verdade!
Se de verdade se trata a fé, em baptismo, em morte
Acredito que no fogo que trazes em ti, ardente!
Queimando, moendo, olhares profundos em ti, assim
Sem alívio para quem tenta entrar nos teus Prazeres

Volta então à cinza, o homem consumido de desejo…
Pois nos cânticos eclesiásticos, não existem, assim
Forças que movam a alma, como tu, em teus dedos
E só tu assim consegues, faze-lo com tais palavras…



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Dedicado a Maria Treva Flor, que podem visitar ali ao lado.
Espero que ela goste, como eu gosto do que ela escreve.


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O ofício de trevas (Tenebrae) é uma cerimónia medieval da Paixão, que consiste em ir apagando as 15 velas do tenebrário (candelabro triangular ao lado direito do altar), representando os 150 salmos da Bíblia, até só uma, que representa Cristo, ficar acesa.
Ao final de cada versículo cantado, as velas do tenebrário foram apagadas, uma a uma, de modo que, ao final, a Igreja permanecesse em total escuridão. Apenas a vela do vértice do triângulo não se apaga, simbolizando Cristo, a luz que ilumina todo o homem, e sua ressurreição.

6 comentários:

DiVerso disse...

Tenebrae!... As coisas que uma pessoa aprende com a juventude! Já começa valer a pena descobrir seu blog, caro amigo.
Uma pequena rima de vez em quando, ao contrário do que possa pensar, para além de não estragar sua obra, talvez valorizasse determinados pontos de convergência ideológica de exposição. Imagine que em cada soneto existiam 15 velas que iam sendo apagadas até restar apenas uma, representada por dois versos que rimam. Acredite que você é capaz. No entanto, se tem a certeza de que tal "paneleirisse" está fora do fim a que se propõe... nada a apontar, caro amigo!
Porque, a verdade é que gostei desta sua dedicatória a Maria Treva Flor. Vou dar lá um salto!

Escolha entre... beijos e abraços

Pandora Lupé disse...

Esta musica.......... tenho saudades... XD quando voltamos a beber uns calash os dois? kiss***

totodasbersas disse...

A Krystal D. falou-me deste blog e movido pela curiosidade cá vim para o ritual. Claro que também não pude deixar de passar os olhos por isto que tu achas ser poesia. Claro que já soltamos umas blasfemias bem estridentes em jeito de gargalhada! Não que consideremos tua forma (im)poética que dedicas ao que acreditas, algo de estranho, mas a verdade é que não é verdade que um qualquer devaneio de expressão seja considerado poesia. Qualquer semi analfabeto escreve qualquer coisa a que pode classificar de poesia, no entanto, pode é não passar de umas frases soltas alinhadas numa posição vertical onde podem ser lidas de baixo para cima, de cima para baixo e em sequências laterais, porque a única coisa que muda é o meio sentido. Ora, isso não é poesia; quando muito, pode ser é o tal devaneio de um mundo demasiado fechado, mas não reconhecido em si mesmo. É mais ou menos do género não gozar de uma clarividência intelectual que possibilite o reconhecimento de algo que não está bem. Sabes que os dicionários é um imenso mundo de palavras sem sentido que o ganham quando se tem a certeza de saber o que fazer com elas.
Claro que não estás a esforçar-te, já que te limitas a gravar um pseudo-sofrimento que, ora dedicas a ti próprio, ora dedicas ao muito que por aí vai, acreditando em tudo que pensas ver noutros blogues. Não te esqueças que a verdade é mais uma forma de poesia, mas a mentira... bem, essa pode ser muito mais.

Visita o http://lugardemim.blogspot.com

acredita que vale a pena e vais ver o que é poesia em prosa. profunda.

Mas não penses que não gostei do que escreve, porque se na verdade, gostei mesmo. E deves aceitar a crítica de maneira... educada e responder da mesma forma.

Porta-te bem!

1 abrç

L. Santos disse...

Não, não e não!... Continuas a interpretar mal os comentários feitos. Nada de paternalismos nem qualquer coisa do género; não te vou pedir que respondas, mas tu sabes que consegues trabalhar esse teu dom. Porque nem todos escrevem como tu escreves e as ideia está em cada "POEMA" que dedicas, mas... falta qualquer coisa: mais um jogo de palavras, porque não mais uma rima e evitar algumas palavras mais inarticuláveis; há poemas para essas palavras, há versos onde elas encaixam, e tua saberás onde colocá-las.
Não estamos a ser paternalistas quando chamamos a atenção para um talento que, talvez por preguiça, se acomodou a uma só forma. Acredita que tens tudo para aperfeiçoar e tenho a certeza que daqui a 3 ou 4 meses, se não fores demasiado orgulhoso (como defeito), vais fazer coisas que não ousavas sequer pensar.
Quanto às gargalhadas, podes ter a certeza que não foram de gozo, xingar ou menosprezo, mas sim por ver uma espécie de diamante escondido numa pedra muito pobre.
Ainda quanto à idade do DiVerso, esquece isso, pois entre ti e ele ou a Krystal, não há diferenças etárias. Na POESIA não há idade. Mas... há evolução ou a exploração de novas formas.

Pedimos as mais sinceras desculpas se, em tua interpretação, te ofendemos.

1 abrç

Quanto ao totodasversas.blogspot.com, é, na sua essência, corrosivo e quase surrealisticamente irónico em muitos de seus posts. É um blog local que de quando em vez, dá umas marteladas na palhaçada da política nacional. Vale a pena ser explorado.
Quanto ao krystalDiVerso, para mim, concordo que não é de poesia simples, ainda que o pareça. Tanto a Krystal como o DiVerso, pouco diferem um do outro.


Um dia destes passo aí pela Guarda. Talvez dentro de 15 dias.

1 abrç caro "obscuramente"

L. Santos disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
KrystalDiVerso disse...

Desculpando-me aqui posto um poema.



Procuro teu abandono esotérico ocultado,
Caminhando sobre pétalas de rosas desfeitas,
Pegadas inebriantes que tu enjeitas,
Sobre estigma nas mãos marcado,
Que tu lês em livro manchado,
Dicionário fútil de linhas direitas,
Bíblia Sagrada de palavras desfeitas,
Amor traduzido de triste significado!

Rios de vida que pelas tuas mãos escorrem,
Vida nas linhas que o destino gravou,
As mesmas linhas que a vida consagrou,
Rumos de certezas escritas da desordem,
Incertezas de dentes ímpios que mordem,
Mordendo a mão de mãos que alimentou!

Folhas de chá flutuando em ti,
Chávena de ópio do teu ser que és,
Flutuas de ti por ventos e marés,
Fundes-te na nuvem pintada que sorri,
Nuvem imaginada da imagem de si,
Qual céu escravo sob teus pés!

Setenta e oito virgens adivinhas:
Sortes desejadas se assim o quiseres,
Mil homens desejados a desejar mil mulheres;
Quatro bordéis com quatorze tentações miudinhas,
Dez infelizes marcadas por mentes mesquinhas,
Sobrando mais quatro figuras às quais aderes,
Vinte e uma putas prontas para baralhar,
Um palhaço que te fará rir ou chorar,
Respeito do respeito que tu impuseres!

Ouro lunar de ofuscado brilho,
Oferta imposta medrosa e grata,
Comprada no ritual da felicidade ilusória,
Retrocesso à inocência infantil do sarilho,
Ao ajoelhar no perdão do Cristo de prata,
O adeus à esperança de conquista inglória!

Encontrei tua paz num jardim abandonado,
Sobre pétalas de rosas intactas e renascidas,
Sorri pelo teu largo sorriso conciliado,
Com as alegres tristezas de todas as vidas!

Esse dicionário útil que da vida germina,
É livro da vida que a ilusão não ensina!


Espero que gostes, memso não fazendo o teu género.

Escolha entre... beijos e abraços