segunda-feira, 28 de abril de 2008

Olhos de loucura

Olhos loucos de sedução
Cegam qualquer força de mim
E chegando ao lar da minha loucura
Encontro mais uma vez o teu perfume
Num longo vislumbre
Ilusões que tive de ti
Um reflexo, partido em dois…

Com sete maneiras de me teres para ti
Perto das tuas doces mãos
Soubeste sempre prender-me em seis
Com a liberdade para te percorrer
Não me arrependo, mas pouco posso dar
Se não te posso dar uma única que falta
Pois deixei de te ver, amor…

Tiraste de mim desejo para viveres mais
Mataste até, para me coroar de louros
Nesse caminho torto de memorias
Encontraste sempre minha mão…

Sentimento que és morte entre duas vidas
Nada mais, nada menos, nada apenas
Nada para alem de mim, para carregar

Vida que não mais tenho em mim
Dei toda a que tinha a mais um romance
Mas se me dizes de novo aquelas palavras
Sofro, porque todos os dias, morro para as ouvir
Cruel sentir, razão que me consome inteiro

Nada é livre de retribuição no universo
E existem feridas que não podem sarar
Admito para mim e vivo esse martírio
Por isso fico… fico… apenas fico…

No mesmo pesadelo… de novo…

Túnel frio do sentir… para sempre…

Certo como a chuva… eterna…

Homem fraco… nunca mais…

A minha vida… fora das minhas mãos…

Sempre quebro a lança para não te matar
Pronto para te deixar avançar a passos
Pois dizes as doces palavras que quero ouvir
E a luxúria dos teus lábios consome-me
A consciência, a alma... Tudo!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Adormecer pensando

Em eterno e constante conflito de ideais
Que não querendo, sempre pouco mais serão
Do que somente um sem igual do nada
Sem escolha de uma pequena e bonita ilusão
Que sem santos nem anjos apenas existem
Insistindo em força mas que no final, desistem

Quando se encontram, nas rochas do medo
Batem ondas de água lenta em cadência
Que partem barcos naufragados no penedo
Falta força para afundar a certa inocência
Atirando mortos para a cova, choro ou lamento
Sem encontrar a raiva ou louvor, apenas vento

Solitários loucos que se encontram unidos
Por em pensamento travarem luta perdida
À partida, já desistiram dos seus sentidos
Embrenhando por gruta por agua fendida
Escuro que esconde a despedida esperada
Toda a alma sem rumo, uma maré perdida

Fuga em cordas de violino para um céu caído
Ideias que não verás nas palavras de um qualquer
Todo som de choro, mais que inferno repetido
São estrelas apagadas que vão caindo sem querer
E não sonhar mais então neste vermelho entardecer
Pois tudo o que resta por hoje, será adormecer

Encosto meus olhos neles próprios sem pensar
Que descansem as feras do meu fogo apagado
Arrependimentos estes que carrego com pesar
Linhas desse vento que levam asas de pecado
Desejos em mim de plantar o mais belo jardim
Mas apenas carrego sementes de morte, em mim

Entrego-me então ao alívio de cerrar esse artigo
Que a luz está em hora de fugir deste rosto triste
E brancas serão as memórias de um mal antigo
Pois só fugindo do dia se resiste, luta, persiste
Ao canto terno de silencio e de uma ânsia letal
Sorvendo o veneno do sono, a cura da vida mortal

Boa noite…

Acordar da tempestade

Magoado, ferido e despido
Fico com olhos nos olhos
Espera só mais um minuto
Consegues ver o que a dor me faz?

Mas eu ainda estou vivo em bem vivo
O que tu consegues ver, eu vejo mais
E terás de pensar antes de falar
Estou vivo, não por ti
Estou acordado, não por ti
Estou vivo já te disse
Mas se desperto,
Consumo toda a tua alma!

Toma um segundo para ti
Vira-me as costas se te apraz
Finge para mim que vives feliz
E saberei que nunca viveste
Mesmo que penses que algo em ti morreu
Esse algo em mim nunca nasceu
O que tenho foi-me pregado a ferro
E é mais duro que o teu!

Espero então que não esperes mais
Por me expores, nu à tua chuva gélida
Saberás o que é o calor do fogo!
Vê como me afasto apenas um passo
No silêncio da tempestade que vai nascer
E teme o que sou quando acordo
Pois se acordo, encontrarás a tua morte!

Rosa nas cinzas

Torre e alma em mar aberto
Que deu luz ao lado negro do meu triste ser
Amor, droga que queima sem se tocar
Mas saberás tu
Que quando és tu
Meus olhos se abrem
E o quanto és tu
Tua claridade, tua doce liberdade

Serás sempre o beijo da rosa prometida
Que ficou em botão eternamente
E que não abri por medo da dor
Que todo o homem te dirá
Serás luz na sua campa
Oh rosa nas mãos do pecador

Que de vicio não te largo
E cravo teus espinhos em meus dedos
Errantes perdem o sentido
Fazendo tuas pétalas cair em choro
Sinto que terei de te soltar
Minha rosa
Não mais serás minha
E a tua luz voltará

Sonho constante

Ouço toda as cores
Escuto o que me dizem em tons
Saboreio cada som das palavras
A voz da alma canta para dentro

Que sonho
Todo o tempo
Profundamente no sono
Em expressões da mente
Manifestas em fantasia
Descobrirei então
Que iludidas mentes jamais acordam

Perdido numa mentira, uma ilusão
Nunca desperto
Vejo por olhos que não são meus, eternamente
E sei que todas as ilusões se desvanecem
Mas não liberto o frio do delírio

Saboreio enquanto sonho
Desejo mortal de ficar
Dentro do meu espírito eu sei por certo
Que sempre me conduzi para o infinito

Sonhando
Todo o tempo
Em inércia de pedra
Expressando os desejos pedidos
Apenas encontrarei
O que as mentes iludidas procuram
Sem acordar

Movimento súbito que me leva
Que estados subconscientes do desconhecido
Se perdem e a luz me mostra
Porque sempre sonhei de noite, e mais, e mais
Sei então que existe um caminho a percorrer

Acordarei…

terça-feira, 15 de abril de 2008

Jogos de pintura

Quando te pinto na minha pele, sem tinta, sem dedos
A toques de lamina fina e fria, ideias cortantes em mim
Sinto tuas cores e brilhos de vermelho e carmim rubro
Sei então, tenho a certeza, que te gerei e nada se cria

Destruo então todas as imagens que para ti fiz um dia
Os desenhos a tons secos de branco, negro e fogo vivo
Passo linhas na cinza apagada de uma tela que já não é
E encontro em letras perdidas o fim deste jogo cruel

Diluídos sentidos que procuram o papel e a salvação
Mãos estendidas em pedido derradeiro de mais vida
Que sorvendo visões de um apocalipse da mente livre
Pinto meus quadros, tu já não tens rosto, eu sou vazio…

Sei..? Não sei…

Sei, sei, sei que nada sei e nunca saberei…
Jamais saberei se alguma vez realmente amei… Não sei…
Não sei nem saberei se fui ou se fiquei… Não sei…
Porque parei..? Não sei, mas não amei nem fiquei… Não sei…
Se pareceu que fiquei, não sei, porque não amei..? Não sei…
Mas nunca amei, fiquei ou saberei… Não sei… não sei…

Agora e sempre

Sempre, agora e sempre...
Que em segundos apenas, perco-me da mente
Num minuto cesso o acto simples de ser gente
Apenas queimo em forma lenta de gelo ardente

Sempre, sempre, agora e sempre…
Que em tempos eras o meu frio quente
Num Outono sem regresso, por mais que tente
Apenas sinto o passado, mais ninguém sente

Sempre, ontem, agora e sempre…
Que em momentos que passei dormente
Num universo de forma, que só mente
Arrependo-me, nunca, agora e sempre…