segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Rumo ao Norte

Nas direcções mais extremas, pontos perdidos
Sem orientação que valha aos meus sentidos
Procuro encontrar o que há muito está disperso
Pelo ar morto do calor infernal, um olhar imerso
No vazio momento final…

Que não é de época, não se trata de ter mais tempo
Mas resulta tudo na crónica falta de oportunidades
E em cálculos frios para tentar esquecer as saudades
Chego então a conclusões, numa pedra, no chão, sento
Escuto… scchhh... Faz-me silencio…

No céu gelado da noite de ontem, vi finalmente
Que por mais que agrupe, não pode ser “Somente”
E a busca incessante que uma resposta única permite
É parte do problema, não se pode tratar com limite
De problemas intemporais, do sentir…

Tudo se trata de encontrar os meus pontos cardiais
Quando os caminhos são demais, desde que saiba
Que nunca importa se sigo para Sul… e muito mais
Que o para lá chegar, parti do norte… e tenho como
Regressar… um dia…

domingo, 11 de janeiro de 2009

The Vicious Five

Tributo a Carlos Paião


Zero, a zero, a zero, vai o jogo recomeçar
Já se sente o desespero, precisamos de empatar
Azeda, azeda, azeda, a derrota é de amargar
Zero a zero é labareda, não perdemos sem ganhar

Zero a zero, grão a grão, de nada em nada
Vais erguendo a barricada que há um zero a defender
E são ferrolhos, tira-olhos, tira-teimas,
Correrias, saltos queimas que há um zero a perceber

Há zero mães, zero alarmes, cima-abaixo
Jogo branco e o berbicacho e risadas, volta atrás
Há um vazio revirando regelando,
Passa o tempo sendo brando, fazendo zero, tanto faz

Há zero a zero, há cem a cem
Com zero a zero, vai tudo bem
Há zero a zero, há cem a cem
Com zero a zero, vai tudo bem

Depois, depois, depois, vai dar muito que falar
Nulidades ou heróis, todos têm que velar
Zero, a zero, a zero, há-de o jogo terminar
Pra’ dizer sem exagero, “foi a zero, não há azar”

Zero a zero, repartido, por outro zero
Já não espero e acelero que se caio também cai
A zero à hora, vou de roda e recupero
Quero dar a volta ao zero para ver aonde vai

Com mais encores fazem zero apologia
Muitos zeros é mania, zero a zero é pequenez
Duas noitadas, são as lógicas maradas
Desempate ou desempatas, empatamos outra vez

Há zero a zero, há cem a cem
Com zero a zero, vai tudo bem
Há zero a zero, há cem a cem
Com zero a zero, vai tudo bem
3x


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É impossível ganhar o jogo…

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

São jogos de gelo e sangue

Brincadeiras quase inocentes, do perder e não encontrar
Do receber sem poder dar, assuntos demasiado sérios
Que fomentam mentes desocupadas nas palavras vãs
Mas choram então, as almas que já nem o dizem sequer

O desejo de arrancar a dor ao mundo, nem que seja assim
Pela força das mãos, que estalam num pobre rosto perdido
Entre lágrimas e céu negro, olhos cor do sangue mais vivo
Já nem as lágrimas se aproximam para ver, tanta que é a dor

E tu dizes-me tão simplesmente, que já não sabes mais
Se é sangue que te corre dentro da cabeça dorida, carregada
Ou se é gelo, que te pesa, te corta, te mata toda a alma…

domingo, 4 de janeiro de 2009

Por uma hora

Queria encontrar uma hora, de verdadeira riqueza
Entre as soluções matemáticas contra a dor humana
Pois é tal a febre de encontrar curas para o sentir
Que parte a esperança de viver a vida, vivendo
Fica apenas o desespero, de a passos, expirar

Janela esta que me interrompe o olhar profundo
Para lá da névoa, para além do rochedo longínquo
E nada reconheço, nem minhas mãos nem meus pés
Pessoas ou vultos, são luzes apagadas da memória
Que arrastam consigo cada lágrima que me cai…

A solidão torna-se um fogo quase apagado no canto
A distância converte-se em pura vaidade do vento
O silêncio, apenas uma brasa desprovida de chama
A tristeza revela-se uma memória da perda eterna

E eu… já não reconheço a fragrância do carinho
Já não sei o que é sentir o calor que me abraça
Já não sinto o sabor das pétalas da rosa delicada
Nem o toque da água mais pura, me lava a alma

Mas nunca pude dizer adeus, por medo de partir
Por receito de não poder mais regressar, aqui
Por mais que me seja prometida, a eternidade
Escapasse-me, por entre meus dedos tolos
A verdade mais verdadeira, permanente
É que, eu não sei amar…