domingo, 16 de novembro de 2008

Para longe...

Faço intenção de fazer valer o poder da distância, matarei pela falta o que não posso cortar…

Volto, um dia de entre muitos, eu volto…

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Último sopro

Final de todos os “finalmentes” em cadencia de trote
Caiu aos pés do tempo outro cadáver da eterna guerra
Em terra, por terra, sem um prazo definido de vida
Mas como uma data marcada de morte… de tudo…

Dias inteiros, quebrados pela fome de ser o que sou, Eu!
Sem alento ou vento para voar para lá de alem do mundo
Os nexos perdem-se nas razões que movem as nuvens
E todos os motivos se convertem em desculpas murchas

Não existe qualquer senso no que o racional não vê
Mas se penso ou se julgo apenas pensar, se penso
São apenas momentos, de tão vagos, translúcidos
Nunca sei, não sei, não… por favor… deixem-me…

O que me dói sempre mais é pensar, sem parar
Que o inverno guarda o que quero para mim, fechado
Num inferno que encontro sempre na palavra “amar”
Acredito, sem sombras, sem duvidas…
Que não tinha de ser assim…

sábado, 8 de novembro de 2008

Visões turvas

A verdade naquele espelho de grades e névoa
Onde os grilhões são cordas para a liberdade
Não existe mais realidade que aquela vivida
Porque não é vida se não for por mim sentida
E eu perdi faz muito toda a réstia de sanidade
Nem sequer quero mais sentir o calor da terra

Na certeza insegura de um sentimento funesto
Por becos intransitáveis da alma, de tão cansada
Em ritmo tremulo de um passo, sem mais perdão
Procuro tudo em todos, sem ter qualquer revelação
Sei que a minha mão é débil, cobarde e desarmada
E mesmo nos dias de maior pesar, não mais protesto

Pela vontade de realizar o propósito de ser assim
Em quantos dias deixei tudo, por mais um segundo
Parti sem ar, sem vento, sem sangue e desalmado
Mas nunca fui quem morreu sem ser um dia amado
Apenas alguém a quem o amor dói mais que tudo
E sei, bem que sei, que aqui, nada há para mim…


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"A tristeza nunca escolhe um lugar para dormir"

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Insistida Negação

Aspirat primo Fortuna labori
Me duce tutus eris
Vox populi vox Dei
Ad majorem Dei gloriam
Ad infinitum


O destino sorri sobre os vossos esforços
Debaixo da minha liderança estarás a salvo
A voz do povo é a voz de Deus
Para grande gloria de Deus,
Para o infinito!
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A chuva cai e o silêncio muda de cor
Molhando o rosto das folhas já caídas
Tropeçando ao de leve nas gotas de si
Num tom do assobio surdo, de alguém
E eu assobio leves trovas para o céu
Como que cantando para o embalar

Não há Deus para o espírito que carrego
Não existe força que segure esta angústia
Que escava alma adentro sem piedade
Roubando todos os desígnios maiores do ser

O céu esmoreceu sem mais estrelas para brilhar
Por lhe faltarem respostas para os meus gritos
Produzidos do medo de ser parte da doença
Que secou todas as lágrimas do relento gelado
Que sorveu todos os respingos salgados do olhar
Que desviou o rio, para não correr para o mar

O vento deixou de levar o moinho ao ar
E a chuva já não cai nos meus olhos
O ar foi fogo por um segundo inteiro
E a erva já não é mais verde, mas negra
O carvão tomou de assalto toda a paleta
E já não há Deus que valha…

Pelo meu trabalho inconcluído… Nem o diabo me carregou!

Já não sou mais voz… não mais falo…

A glória está na força… que não tenho…

E o infinito estará sempre longe demais para os excomungados!