terça-feira, 11 de agosto de 2009

Obliterações mudas

Quando se tenta por fé ou vontade
Destruir à menor réstia todo o passado
Seja por meio de memória, papel queimado
Ou cabalmente, por promessa de saudade

Escutar as direcções de um futuro, oculto

Encontro nos métodos do cerrado silêncio
O conforto da retórica plana, dura e insípida
A cortesia é arma para a lacuna de sentimento
Mas se o faço, desejo evitar, a verdade despida

Factos contundentes, sem fuga obvia

Corto então pedaços vivos do meu mero ego
Que escondo por entre os canaviais do rio
Detrás do rochedo, na água morta, no frio
Todos os momentos, da vergonha, se fui cego

Lamento apenas, não os poder dourar, aos pedaços

Para os poder dar, ou vender…

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Desafio ao Soneto

A suprema insolência consiste tão somente do simples acto de usurpação das capacidades de uma classe etária que se torna ultrapassada.
De certo modo, as verdades de um qualquer ancião passam a ser mais claras nas palavras de um infante prodigioso. Por vezes infame prodígio preso na infância de um valor numérico, que o prende a um protocolo de respeito.
Mas se encontradas as linhas mais profundas das mãos e analisado o lavor que por elas passou, o tempo torna-se o superlativo da experiencia.
Dá-se então a revolução do pressuposto em inconstância imediata, o valor premeditado do acto inconsciente está inteiramente no desafio da classe que perde autoridade para os indigentes que mais repudia, os que os impulsionam para diante.
Entre os seguidores de Petarca, que apresentam propostas de parametrização do pensamento, que se predispõe constantemente à raiz da liberdade, existe o saudosismo do que nunca conheceram, mas mesmo assim, publicam.
Aristocles apenas quis parecer maior, adoptou até de si outro titulo e fez-se senhor de matérias que lhe escapavam à compreensão, tivesse negado o nome Platão que másculo lhe pareceu, para ser ninguém, como Diógenes, e hoje, dizer que algo é Platónico, não seria sinonimo requintado de uma recato da mentira e da ocultação, seria um valor da aceitação da necessidade humana de estabelecer ligações.
Nas linhas Cartesianas encontram-se apenas tentações ao facilitismo de uma divisão em elementos mais puros… que pensamento ridiculamente débil, seremos assim tão passíveis de classificação matemática?
Exemplos perfeitos da tentativa geométrica de triangular a posição do inalcançável, a simples compreensão da essência mestra… que apesar de não poder se descrita com palavras em numero finito, aí termina toda a relação com a numérica. Interrogo-me, quase numa inocência satírica, da necessidade da rima, do verso, da alegoria… da técnica… qual a utilidade da racionalização da emoção em estado cru…
A resposta chega-me pela tradição…


Da minha idade, sei apenas que, roubo a cada dia a força de uma geração que veio para morrer. Preparo-me então para um assalto final à minha composição teórica pelos filhos da minha palavra. Um dia, dar-se-á.

Que as ideias vivam através da morte do artista… e se o artista está morto, que fique enterrado, pois assim será lembrado… se reviver, será apenas mais um…