quarta-feira, 18 de março de 2009

A Letra do Pecado

Aquela letra louca, solitária e irracional
Que se encontra entre o queimar do fogo
E se torce como serpente, como desejo
Para arrastar as almas ao acto de gritar
Quando tudo se resume, nessa letra louca

As duas letras que se juntam, mordazes
Que derretem os lábios em cera quente
E se espalham pela pele, como a paixão
Para fazer ferver o desejo mais escondido
Quando se unem os dedos, nessas letras

Três se casam, na malícia e no prazer
Que nada podem mais fazer que matar
E levar ao desespero os amantes tolos
Para que não mais se libertem de si
Quando são apenas três letras, não mais

Uma sílaba se forma, nas labaredas
De um inferno que é luxúria arrebatada
Todas as letras se mordem e se arranham
Todo o ser se cobre da sua vontade
Todas elas se libertam num grito, final

A respiração ofegante é cortada…

O som liberta-se, por fim….

A palavra nasce…

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O que foi? Ahn…?

terça-feira, 17 de março de 2009

Trinta minutos

Tenho só e apenas mais trinta minutos
Mais uma metade do tempo marcado
Para me libertar da minha solidão
Para dizer adeus ao meu silencio
Para morder a bala e aceitar a vida
Para morrer de mim, nascer para o dia

Tenho somente trinta minutos marcados
Menos uma parte da porção forçada
Para organizar os sistemas de valor
Para fechar os lábios para o mundo
Para encontrar coragem e mergulhar nu
Para me dar conta, que dos trinta minutos
Só já restam, só e apenas, vinte e nove e meio

terça-feira, 10 de março de 2009

Luz e Lei

Negar até ao longínquo fim, a morte certa
Reduz à insignificância o final da passagem
Quer por valor de actos, ou mera mensagem
Procuro, ainda, e irei sempre procurar, mais
Poiso meu apenas, um ombro, para repousar

Por vezes corto a minha própria alma, também
Pedir justiça a quem nunca me falhou, nunca
E perco as razões de querer as leis que acudo
Pois o valor de uma vida não se contem assim
Não, não existe recipiente para o saber sofrido

Espero encontrar por entre os meus papéis
O dia que eu perdi para o sonho mais amargo
De ser quem traria ao mundo mais uma luz
Quando as apaguei todas num rompante
Para que apenas a minha razão se visse

Peço então perdão aos meus anjos
Peço então perdão aos meus santos

Peço que me entendam, irmãos…

Hoje, deito-me triste…

quarta-feira, 4 de março de 2009

Aprendiz de Feiticeiro

Sou o aprendiz do feiticeiro!
Porque nesta vida, em que passo os dias
Fazendo tudo aquilo que não devo fazer
Que ninguém me ensinou como fazer
Quebro a longa corrente da transmissão
Da infiltração, da infecção do conhecimento!

Sou eu o aprendiz do feiticeiro!
Porque não aceito que nesta vida, todos os dias
Não se faça o que deve ser feito, mas ninguém faz
Que ninguém se interessa por saber como fazer
Ninguém me diz porque não atravessa a parede
Ninguém salta sobre esse fétido e morto saber!

Sou EU o aprendiz do Feiticeiro!
Sou eu o Feiticeiro que é mestre sobre o aprendiz!
Ensino-me a cada dia a justiça sobre mim mesmo!
Procuro todos os dias a justificação de mim mesmo!
Encontro em dias a justa medida para ser eu mesmo!
E perco… cada dia mais, partes de mim mesmo…

Sou aprendiz de feiticeiro…
Deixem-me ser assim…