quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Estou a desaparecer

Estou a afastar-se, diante do meu próprio espelho!
Num estado, de lucidez tão enevoada e pardacenta,
Que eu sei, diante de mim, desapareço no reflexo
Sem que possa acordar, no interior da nuvem cinzenta…
Definho lentamente.

Estou a ser levado, diante do céu o mar engole-me!
Num completo desgoverno sobre o que posso ser,
Sei que já pouco sou, porque este abismo é solvente
E nem que soubesse nadar no lodo, nada iria ver…
Não consigo dormir.

Estou a cair, poço a dentro sem amparo ou salvação!
Na mais insana agonia de quem conhece o seu fado,
Nada sei para lá de mim, já que sem luz não há visão
Mesmo que os olhos gritem, é choro desperdiçado…
Não posso parar.

Estou a morrer, mas peço por favor, não me salvem!
Na maior das tristezas eu suplico perdão por uma vez
Mas desta vez eu sei, sei bem, sei o que me espera alem
E mesmo partindo, pois é assim preciso, volto, talvez…
Não quero desistir.

E de todas as certezas, apenas um trago comigo…
Se quero ser alguém diferente, só morrendo…
Para voltar a nascer…
Eu voltarei.

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