terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Amanhecer

Já não estou mais sóbrio ao sentir
Sem olhos que me vejam dormir
Ando, não paro, irei eu, assim cair?

Espinhos enviesados, retorcidos e virados, tortos
Que se contorcem para me entrar pele adentro
Como raízes de uma dor mais velha que a escarpa
Regados a sangue e magoa, veneno cristalino, puro
Crescem espinhos por meus ossos dentro, tão duros

E são meus, esses dentes que os prendem quietos
Que seguram esses pregos, que se cravam negros
É a força da raiva mais profunda a todo o sofrer
Que mantém à superfície o alento de não perder
Que de farto, quase que quero matar a própria morte
Para não mais a ouvir dizer “Tem mesmo que ser…”

Olho então… mas já não quero mais ver… não…
Que todos os aguilhões do meu tormento se vão
Não passaram de grãos de terra e chuva nos olhos
Olho… mas não quero ter de ver… por favor, não…
Que as vivas dores eram apenas o simples, viver…
E que tudo, mas tudo, não passou de uma ilusão…

Magoado pelo mistério, chorei…
Revoltado com as respostas, gritei…
Mas de olhos abertos… desvendei… que só e apenas,
Nada sei…


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Voltei...

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