sábado, 28 de fevereiro de 2009

Ainda não

Talvez querer mais um pouco
Que por vezes é tão demais
Mais que o que se pode querer
Retira todo o espaço para ajustar
Tantas leis que surgem do fumo
Que nem corpo que segure a alma
Com tanta força de querer, mais
Pode ser pedra no rio gelado

Intenções profundas de emergir
Surgir por entre as minhas sombras
Mais uma oportunidade, mais uma

Momento para decisão, desordem
Disposição caótica nos sentidos
Uma inércia motora, de um coração
Que não quer ter de ainda bater
Não assim como bate agora, não
E perde-se na força, todo sentido
De procurar sem encontrar, o Eu
Sem mãos, sem braços, sem lábios
Nada, que me leve para lá de mim




Obscuramente

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Longa ausência

Longe, muito para lá de longe, espero
Pois aguardo por algo perdido em mim
Guardo desejo por um céu azul, assim
E de longe, para longe, aqui fico… sim

Alento, que falta faz esse ar, da manhã
Pois recebo vida por entre os lábios meus
Roubo do firmamento gotas da lua, branca
E sinto tão perto, mais perto, a existência

Perder, assim, como o faço, perdendo tudo
É sina de quem nada mais quer do mundo
Que não seja sonhos da cor da água, sim
E sei, bem sei, nada tenho, alem de mim

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não há mais força

Pés ao caminho, força, rápido, mexe-te por uma vez!
Coloca tuas mãos nessa parede e faz-te ser humano
Que lutando contra muros de pedra se fazem homens
Com mãos de ferro, espíritos de fogo, forjas pensantes!
A fuga será sempre uma inútil ilusão de agarrar a vida,
Largando-a no ar, às estrelas…

Levanta-te e faz peito, que as balas atravessam a carne!
Terás de ser rochedo de aço negro, faz-te máquina!
Que para produzir foste feito e criado, recriado e fadado
Com olhos de vidro, rosto de cera, aparelhos sobreviventes!
O erro é detectado como descartável tentação de saber,
Colocado ao lado, com defeito…

Agora chora… enche essas lágrimas do ódio no teu olhar!
Pois foste projecto traçado a carvão, apagado pela chuva…
Que por querer, apenas querer… o acto de poder viver…
Com dedos de vento que não reconheces no suor da cara
O arrependimento é marca, permanente, imutável, eterna
De uma vida, que passou ao lado… de si mesma…


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"Entre a vida e a morte, vai do cagar muito ao não cagar de todo, em vida todos fazemos merda"