segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Evangelho da nova génese

Num início distante, num tempo remoto, num espaço desconhecido, algo nasce e não mais pode ser finado… intemporal como as estações, começa a nossa história numa primavera…
Existe sim tal objecto, tal criação que sem mentor, sem artífice, sem projecto e sem executor, simplesmente, nasceu…
Ao raiar do verão deu-se conta que nasceu com braços de ferro forjado, bordados de platina e ouro como talha barroca que não se encontra.
Nasceu com pernas de vento que sem sopro e sem direcção tudo levam e tudo trazem, sendo como bênção para o seu povo…
Nasceu com um tronco de rocha, âmago de granito esculpido que jamais se abala, jamais se corrompe…
Nasceu como uma face de agua, mais limpa que cristal, mais saciante que vinho, mais pura que o céu e mais honesta que o mar…
Nasceu ainda com um coração de carne… e todo o resto se corrompeu com os anos...
Os braços de ferro tornaram-se frouxos, as pernas de vento pararam de correr os montes, o tronco de pedra tornou-se mole e o coração... esse foi banhado de ferro, encheu-se de vento e o seu bater, já não passava de um crepitar de areias agitadas no seu interior…

Envelhecemos, sonhamos, ficamos velhos, paramos de sonhar… o final… não tem de ser o fim… e os sonhos….
Esses, não têm qualquer idade….

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto de ti Kiki, e de tudo o que fazes e escreves :)*
Jay