segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Luz vaga...

Uma rua à luz fraca e distorcida de um candeeiro...

É esta a representação do que eu sinto por vezes...
Uma visão distorcida da escuridão que me envolve...
Apesar de poder ver uma ténue luz...
Não me apercebo do resto do caminho...
Do resto da minha vida...
Tudo me parece desfocado...
estranho...
vibrante...
desconhecido...
irreal...
Por vezes estúpido...
Sinto-me idiota por não ter a capacidade de sentir o que me envolve...
E compreender o que as formas significam...
Os sinais que o mundo me indica parecem ser escritos numa língua há muito extinta...
Que mais ninguém sabe ler...
Ou falar...
Que pessoa alguma algum dia será capaz de interpretar e me indicar o caminho que nela se esconde...
A minha alma é desconhecida para mim...
Ando a deriva...
solto...
desnorteado...
Apenas vejo alguma luz...
Algo que identifico tenuemente como uma luz...
Já não sei...
Tudo me parece tão toldado por esta incompreensão...
Por esta ignorância quanto ao meu próprio ser...
Não entendo a maioria dos meus impulsos...
Não percebo o porquê das minhas acções...
Não sei porque sou assim...
Não sei porque me vejo assim...
E não faço ideia do que os outros vêem em mim...
Deixei de confiar nos meus instintos por momentos...
Achei-os estúpidos...
Sem filosofia...
Sem conhecimento...
Apenas acção do instinto...
Mas estava enganado ao nega-los...
Pois eles nasceram comigo foi para me guiar nestas horas em que me encontro perdido de mim mesmo...
Tal como na questão física...
Quando nos faltam os olhos...
Continuamos a poder cheirar...
ouvir...
Sentir na pele...
Sentir o sabor...
A nossa mente tem o instinto...
Para substituir uma mente confusa...
Quando o pensamento fica bloqueado...
E não somos mais capazes de manter um raciocínio...
É nesse momento que o nosso instinto intervém...
O nosso corpo protege a nossa alma...
Sacrificando-se por vezes...
Instintivamente somos estúpidos...
Para prevenir que a nossa alma siga caminhos que levam a destruição...
Cometemos erros...
Tanto nas coisas boas...
Como nas más...
Deixamos de poder ser perfeitos em algo...
Para não irmos para uma direcção apenas...
Para nos manter-mos no meio do caminho...
E seguir-mos em frente...
Pois se fizermos uma curva de 90º a direita ou a esquerda...
É nesse momento que ficamos presos a um destino ao qual não escapamos...
E perdemos a hipótese de escolher outro...
Tudo isto porque o nosso instinto nos proíbe de ser bons...
Ou de ser maus...
E aqueles que engolem o instinto...
Acabam por escolher um destino errado por vezes...
Mas também não podemos entregar-nos ao destino...
Sem luta...
Sem resistência...
Isso seria seguir sempre por uma estrada sem um final...
Há que saber onde virar...
Que curvas dobrar...
Que destino se sonha para nós próprios...
É preciso saber...
É preciso conhecermo-nos...
Saber quem somos...
Antes de tentar saber o que seremos...
Mas como já disse...
Eu não sei o que sou...
Ainda não...
Ainda não tenho a capacidade de ver...
De interpretar os sinais...
De seguir as linhas traçadas para mim...
Apenas tenho um desejo profundo de encontrar o meu destino...
De chegar ao lugar onde pertenço...
E encontrar algo parecido ao que chamam de felicidade...
E talvez...
Talvez até ser um pouco feliz no fim de tudo...

Sem comentários: