domingo, 8 de junho de 2008

Sede de ser

Quero, porque quero, beber palavras de lábios alheios
Sempre o fiz, porque sempre o quis fazer, por isso
continuo a fazer
A sorver com toda a força cada palavra nova, de
almas desconhecidas
Até as conhecer, até não mais me saber, não ter mais
que sorver, que beber…

Sinto e sei bem que sinto, que já não me basta
ouvir em silêncio
Sempre ouvi, porque quase sempre quis escutar, mas quase
deixo de o fazer
Ao acto de absorver os sons, dos sonhos, das ilusões de almas que
já nem conheço
Até bem demais, até ficar saturado, não poder mais guardar
em mim, segredos…

Vou, sei e só eu sei que irei, que já não tenho aqui lugar
Sempre me acomodei, porque quase sempre tive espaço, mas
sinto-me apertado
Em lugares onde já não encaixo nem pensamento nem ideais, que
guardo em mim
Até tentei, vezes a mais, partir pedaços de mim para caber, mas
eu nunca pertenci

Nem agora… nem aqui…



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PS: Existem pelo menos 3 maneiras de ler este poema,
sendo sempre o mesmo o seu sentido...
Se as encontrarem, avisem...

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